Por Sofia Barral
Foto de abertura: divulgação
Ainda não tínhamos ideia sobre o impacto do novo coronavírus em terras brasileiras quando Guilherme Xac fez a sua última entrevista pelo canal Estúdio Aberto. Obedecendo às recomendações de distanciamento da época, desta vez, o programa visitou Rodolfo Tschöpe aka Aura Vortex.
Assim como os demais vídeos da nova temporada, o encontro despretencioso e sem roteiro, vai desenrolando a medida que a vida do entrevistado é contada. Xac faz com que nos sintamos em uma conversa de amigos.
Já de início, questionado sobre o significado de Aura Vortex, Rodolfo diz que não se trata de uma persona ou projeto, mas de um método de se fazer música, no qual busca passar sentimentos por meio de notas e síntese sonora. E ao decorrer da entrevista, percebemos que essas emoções, por trás de cada track, são genuínas.
Nascido em Cuiabá, Tschöpe tinha só seis anos de idade quando começou a ouvir música eletrônica. No Escort XR3, pedia que seu pai colocasse a fita K7 de eurodance para ouvirem, enquanto iam buscar a mãe na faculdade. E é essa união com a família que possibilitou que sua carreira mudasse de rumo, em Pelotas.
No Rio Grande do Sul, estudou economia por um ano e se formou em relações internacionais. Com vaga já garantida no mestrado, o artista se deu conta do que realmente queria, ser produtor de música eletrônica, e decidiu que iria seguir seu caminho criativo. Diante de tantas certezas, se dedicar à arte parecia arriscado, mas com o apoio dos pais e de amigos, o produtor foi adiante no propósito de se dedicar profissionalmente às suas tracks.
“Nos primeiros três, quatro meses, era um horror. Era arroz com salsicha, sempre”, afirma o artista. As dificuldades iniciais foram inúmeras, mas a dedicação o levou ao patamar dos principais DJs de psytrance. Rodolfo batalhou por três anos, até que o sucesso viesse e pudesse viver de música.
“A saída do Rio Grande do Sul foi simbólica”, confessa. “Sem eles (amigos e colegas do Rio Grande do Sul), dificilmente eu estaria aqui”. Em sua fala, transborda a gratidão por Pelotas, onde cresceu. O primeiro lugar onde tocou, fora da cidade gaúcha, foi na Suíça. Viajou por todo o país antes mesmo de chegar em Porto Alegre.
A dificuldade de locomoção o fez se mudar com amigos para Curitiba. Poderiam ter elegido São Paulo, mas a tranquilidade e posição estratégica da capital paranaense os acolheu. E morar com outros artistas mudou seu ambiente de trabalho. Influência, feedback e inspiração foram fundamentais para o seu crescimento. Além disso, adiciona-se à sua trajetória a contrução de uma carreira “produzindo por amor à música e alcançando (os objetivos) por pequenos passos”.
A segunda parte da entrevista é feita no estúdio que Rodolfo mesmo montou. Lá, conta as peripécias para montar painéis e o que passou para comprar seu equipamento. Sem mistérios, fala como fez e o quanto gastou, tudo para levar conteúdo àqueles que querem começar a produzir em casa. Mas adverte aos iniciantes. “A qualidade não está no material, mas sim como você utiliza ele”.
Com a dinâmica do isolamento social, imposta pela nova pandemia, estamos aguardando os novos rumos do canal de Guilherme Xac. Até lá, os vídeos com Aura Vortex e demais programas da temporada podem ser vistos no canal do Estúdio Aberto no YouTube.
O bate-papo com Aura Vortex foi dividido em três partes, quarta (20) e quinta-feira (21), às 20h; e sexta-feira (22), às 17h. Inscreva-se no canal, acione o alerta e não perca a visita a um dos principais nomes da nova geração do psytrance no Brasil.