Cinco trabalhos marcantes na era do PC-music

Por Dada Scathach

Foto de abertura: Getty 

O gênero musical que hitou nos charts da última década sofreu uma enorme perda no último mês. Foi após do Dia Internacional da Visibilidade Trans que Sophie Xenon, uma das pioneiras do som digital, nos deixou.

“Sophie era pioneira de um som novo, uma das artistas mais influenciadoras da última década,” disse a equipe da produtora no comunicado sobre sua morte, que aconteceu no último dia 30, ao cair do telhado em que observaria a lua cheia.

Sua visão percursora contribuiu fortemente para a música que conhecemos hoje, além de ser a primeira pessoa trans a ser indicada na cerimônia mais importante da música: seu álbum debut, “Oil of Every Pearl’s Un-Insides”, foi nomeado ao Grammy de 2019 na categoria Best Dance/Electronic Album.

Para a Billboard, Sophie disse que ser trans significa “assumir o controle para alinhar seu corpo com sua alma e espírito, para que os dois não lutem um contra o outro e lutem para sobreviver”. Quando ganhou o Assossiation of Independent Music (AIM) em 2018, usou a oportunidade para promover os direitos trans.

Sua produção baseada no techno, pop, trance e underground nos trouxe ao hyperpop atual. O PC-music mistura sons sintéticos e brinca com a imaginação dos ouvintes, desafiando possíveis limites a partir de sonoridades pouco prováveis.

Foi em 2013 que o lançamento do selo londrino PC Music por A.G. Cook destravou uma série de produções inovadoras no SoundCloud, reunindo artistas como Sophie e Hannah Diamond na rede. Em 2014, o gênero ganhou ainda mais destaque circulando em plataformas como Spin, Resident Advisor e Fact.

No ano seguinte, a gravadora foi consolidada a partir do contrato com a Columbia Records para o lançamento do EP “Broken Flowers”, estreia de Danny L Harne.

Os samples de sons da natureza e batidas trance dão resultado a um material que cria realidades estendidas.

Esse fenômeno cresceu o suficiente para ser um dos pontos mais marcantes da música pop ocidental na última década, presente em trabalhos de Charli XCX e Kane West (pseudônimo de Gus Lobbanse, do Kero Kero Bonito). “A nossa geração responde à arte que é deslumbrante, engraçada e trágica de uma só vez”, disse Kane à Dazed.

A sonoridade desfigurada é um espelho de tudo o que a internet pode transformar. Aqui estão cinco trabalhos de destaque no nicho:

– A.G. Cook – Drop FM (com Hannah Diamond)

“Drop FM” foi um dos hits criados por A.G. Cook. Ele é voltado para o Bubblegum Bass (camada suavizada do subgênero feita de timbres plastificados e batidas melódicas).

– Hannah Diamond – Hi

A cantora que tem grande influência no PC-music, como nos singles “Pink and Blue” e “Attachment”, tem a voz suave e doce, e também fala sobre o amor na era digital. “Hi” discorre sobre relacionamentos online, segundo Diamond, “não com uma pessoa específica, mas com todas as pessoas com quem você interage.”

– Umru – Search Result

Umru mistura pop, glitch e graves estourados. Em “Search Result” outros nomes destaque na cena foram apresentados, como Laura Les, metade do 100 gecs, e Banoffee.

– SOPHIE – Lemonade

Sonoramente, a produtora busca uma viagem doce e plastificada. Bolhas, balões estourando e látex também estão presentes nos trabalhos de Sophie. “Lemonade” foi usada em um comercial do MC Donald’s e estreou entre as 10 melhores músicas de 2014 nos portais The Washington Post, Complex e Pitchfork.

– GFOTY – Call him a doctor

Nesse misto de críticas aos clichês estéticos e temáticos da música pop atual, GFOTY (Girlfriend of the year) distorce e exagera em seu EP de estreia, apontando um novo significado para o Pop através do PC-music.

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