Um sonho real: 7 dicas de como viajar o mundo em busca de festivais de música

Por: Bruna e Jode, do A Melhor Balada

Nós somos duas amigas que, depois de quase 10 anos trabalhando com marketing em grandes empresas e muitas férias focadas em viagens para festivais de música, resolvemos utilizar nosso background para transformar nossa paixão em negócio, a fim de encontrar formas de viver viajando e curtindo os festivais pelo mundo.

 

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Em 2015 criamos o site “A Melhor Balada”, onde produzimos conteúdo e ajudamos viajantes com as melhores dicas para aproveitar ao máximo cada experiência, além de divulgar os eventos que nos identificamos. Não satisfeitas em acompanhar de longe tudo o que rolava pelo mundo, resolvemos largar nossos trabalhos tradicionais para se dedicar exclusivamente a esse lifestyle.

De junho a setembro de 2016 viajamos em busca de diferentes tipos de festas e festivais pelos Estados Unidos e Europa. Começamos com o festival Governors Ball em Nova York e logo depois embarcamos para Londres, para o famoso festival Glastonbury: um dos mais antigos e maiores festivais a céu aberto do mundo. Vivemos cinco dias acampadas em uma estrutura gigantesca, com mais de 100 palcos, 2.000 apresentações e 200.000 pessoas. Saímos de lá para o Rock Werchter, na Bélgica. Voamos para a Croácia para aproveitar mais um pouco desse país que mescla festivais, muitas festas e um visual paradisíaco. Lá curtimos o Ultra Music Festival, edição Europa, que rolou durante três dias em Split.

 

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Fomos na sequência para Barcelona e, além de conhecer praticamente todas as baladas da cidade, tivemos a oportunidade de ir na edição espanhola do festival DGTL. Em Ibiza, ficamos uma semana conhecendo as festas e ainda conferimos uma das últimas noites da Space, balada que já foi eleita várias vezes como top 1, com a sua noite mais famosa “Carl Cox: Music is Revolution”. Em setembro, voltamos para a Inglaterra para o Bestival, um “boutique festival”, que nos trouxe uma visão de festival menor recheado de bandas novas com alto potencial.

 

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Depois de seis festivais e incontáveis festas, voltamos para o Brasil e encontramos o desafio de continuar criando conteúdo nos eventos nacionais. Nos surpreendemos com um cenário aquecido e movimentado, com opções para todos os gostos. Dos festivais grandes, fomos ao Ultra Brasil, XXXperience, Dekmantel e Lollapalooza. Além disso, aproveitamos para viajar para diversas cidades para explorar a cena de festas locais. Desde então não temos casa fixa, e vivemos viajando em busca dos melhores eventos em locais diferentes.

 

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Com essa experiência, descobrimos que o conteúdo sobre esse tema é ilimitado e existem diversas maneiras de viver em busca do que se gosta, mas uma coisa é fato, não é tão fácil quanto parece, ainda mais quando é preciso monetizar um hobby. Temos que fazer vários trabalhos diferentes para conseguir manter nosso sonho vivo.

Para quem pensa em seguir por um caminho parecido, confira algumas dicas baseadas nas experiências e aprendizados que tivemos nessa jornada:


1 – Saiba o que você faz bem e o que você gosta muito de fazer:

Se você está cansado de trabalhar horas por dia em algo que não faz sentido para você, e sempre sonha em largar tudo para viver o emprego dos sonhos, o primeiro passo é saber qual seria esse emprego. Trabalhar com festivais é possível de várias formas, e você pode: ter um site e fazer a cobertura do evento; ser o fotógrafo do próprio festival ou cobrir para outros sites; trabalhar na produção ajudando o pessoal da organização – e aí vai desde ajudar na montagem, trabalhar no bar ou até trabalhar nas redes sociais. É importante lembrar que você precisa mostrar que tem alguma experiência na área e que faz bem o serviço, então você precisa começar por algum lugar – muitas vezes por festivais menores, festas e eventos.


2 – Se planeje financeiramente:

Saindo do modelo tradicional – empresa com carteira assinada – você vai entender que existe um mundo de possibilidades de atividades que você pode fazer para ganhar dinheiro, mas nenhuma delas é fácil. Esqueça a ideia de que você pode lidar com a falta de grana enquanto estiver no meio do caminho, você precisa ter um planejamento financeiro. Saber quanto você necessita guardar antes de largar tudo, quanto tempo sem ganhar dinheiro você pode ficar, quanto exatamente você pode gastar por dia (sim, por dia. Seu planejamento financeiro vai guiar toda sua experiência), e claro, qual o plano B. Se todas suas ideias não derem certo, qual vai ser seu próximo passo?


3 – Não espere ter a ideia perfeita ou companhia para seguir seu sonho:

Uma das coisas que aprendemos vivendo nessa vida de empreendedorismo é que a ideia perfeita não existe. Conversando com amigos que já tem seu negócio estabelecido, fica claro o quanto eles mudaram de ideia durante a jornada. Na teoria tudo parece fácil e simples, mas na prática a realidade é bem diferente, e você só vai entender mais sobre isso quando estiver fazendo. Se você tiver uma ideia boa, acredite nela e siga em frente. Não espere ter certeza de que tudo vai dar certo – pois provavelmente não dará. Além disso, nós demos muita sorte de termos as mesmas paixões e vontades, e estarmos vivendo o mesmo momento insatisfeitas com o trabalho, para montar nosso negócio juntas. Caso o mundo não conspire a favor de você e seu melhor amigo estarem a fim de fazer a mesma coisa no mesmo momento, não fique aguardando esse dia chegar. Siga suas vontades e vá em frente.


4 – Mantenha o foco, mas seja flexível

Tenha metas e objetivos claros. Como você vai fazer para chegar onde você quer e em quanto tempo, mas seja flexível. Tenha a cabeça aberta para perceber que muitas vezes uma oportunidade melhor está passando do seu lado e que você pode aproveitá-la.

Nós começamos nossa empresa como uma agência de viagens que fazia roteiros personalizados para quem quisesse viajar com foco na vida noturna ou festivais de música. Ao longo do tempo fomos percebendo que não era isso que mais gostávamos de fazer e que outras coisas faziam mais sentido. Hoje nós estamos 100% focadas em produzir conteúdo pré, durante e pós eventos, coisa que nem estava no nosso planejamento quando tivemos a ideia inicial de abrir a empresa. Foi importante não ter apego à ideia inicial e ser flexível para se adaptar e aproveitar novas oportunidades.


5 – Prepare-se para perrengues

Vai faltar grana, vai ter dia que você vai achar que não está no caminho certo, vai ter dia que você vai questionar se valeu mesmo a pena. Para quem quer trabalhar com festival, já adiantamos que a experiência de trabalhar com isso não se resume ao glamour do backstage encontrando artistas e conhecendo os produtores (quando isso acontece). Sabe aquele DJ que você queria muito ver e que nunca tocou em um festival que você estava? É possível que você continue sem vê-lo, pois talvez você tenha outros afazeres na mesma hora.

Além disso, a vida fora do escritório, vivendo vários festivais pelo mundo não é tão bonita quanto parece! Nós já acampamos cinco dias no meio da lama sem chuveiro decente para tomar banho (essa parte ninguém conta, né?), já tivemos no meio de uma tempestade vendo a água entrar na barraca e rezando para estrutura se manter de pé, já tivemos que ficar horas esperando para fazer uma entrevista enfrentando frio e chuva, e por aí vai. Perrengues estarão presentes em muitos momentos desse seu novo estilo de vida!


6 – Trabalhe voluntariamente e faça parcerias

Você precisa ter a cabeça aberta de que muita coisa que você vai fazer não vai te trazer dinheiro de imediato. Trabalhar voluntariamente em um festival pode te trazer contatos que abram portas para os próximos, e abrir seus olhos para novas oportunidades. Conheça o máximo de pessoas possível, converse com quem já esteve no seu lugar ou trabalha com alguma coisa parecida, faça parcerias e expanda seu universo.

 

7 – Por fim, trabalhe muito e aproveite

Uma coisa que escutamos muito hoje é “Tem vaga para trabalhar com vocês?”. Para nós, apesar de muita gente realmente querer trabalhar com festas e festivais de música, muitos vêm com uma ilusão de que trabalhamos pouco e aproveitamos muito. Mas ninguém vê a parte de que quando você transforma seu hobby em trabalho, você deixa de aproveitar do jeito que fazia antes e acaba trabalhando inclusive nos finais de semana. Não se iluda com a ideia de que dá para trabalhar pouco e ganhar muito dinheiro. Para ser reconhecido, fazer seu nome e começar a ganhar dinheiro você vai trabalhar muito, muito mesmo. E acaba aprendendo a aproveitar os eventos de outra forma, já que, mesmo trabalhando, você está ali fazendo o que mais ama na vida.

Por fim, não desista na primeira dificuldade. Quando seu trabalho começa a dar certo, a sensação é inexplicável. Nada compensa mais do que o fato de que segundas-feiras não se diferem dos sábados, e de que a vida deixou de ser uma divisão entre “aguentar” o trabalho e aproveitar os finais de semana.

 

 

 

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