Um diálogo pessoal e musical: conheça os componentes principais dos b2b que sao destaque do Gop Tun Festival 2025

Por mais que tenham se tornado um dos produtos mais vendáveis num mercado extremamente competitivo em que qualquer ínfima novidade traz uma vantagem significativa em termos de oferta artística em line ups cada vez mais repetitivos, os back 2 back tem suas origens num âmbito muito mais intimista, regido pela espontaneidade que surgia nas raras oportunidades que DJ residente e convidado se dispunham a dividir seu protagonismo para criar algo único e, na maioria das vezes, irrepetível. 

Hoje em dia eles se tornaram algo ubíquo, tão esperado quanto inevitáveis na construção dos line ups, especialmente numa cena cada vez mais pautada pela abundância de nomes que a predominância dos festivais impos. A previsibilidade que naturalmente decorre desse cenário acabou por tornar extremamente complexo não apenas criar, mas apresentar essas parcerias ao público de maneira autêntica, evitando clichês e caricaturas.

Desafiando essa tendência ao desviar de suas armadilhas, a escalação do Gop Tun Festival aposta no formato reforçando seu princípio original: a cumplicidade, ela mesma só podendo existir entre artistas que se conhecem e admiram numa relação que se manifesta dentro da cabine, mas existe muito além dela. Essa intimidade musical vai se expressar em diferentes momentos e em palcos distintos do evento, mas as afinidades que a alimentam podemos conhecer melhor antes dele.

Abaixo algumas perguntas que revelam muito a respeito do que nos aguarda neste feriado:

Alirio & Cashu

⁠Qual a melhor metáfora para descrever a dinâmica de um b2b?

A: E como cozinhar um jantar a quatro mãos. Minha amiga Cashu é taurina e eu amo comer, logo nossa relação é marcada por vários jantares incríveis. Certamente montaríamos um menu com direito a entrada, prato principal e sobremesa (e um bom vinho). O cardápio? Comida brasileira ou asiática.

C: Cozinhamos juntas, criando algo em parceria, o que envolve ter gosto parecido mas também estar sensível e flexível para criar algo diferente em conjunto, pois tudo ativa diferentes sensações nas pessoas que apreciam também. Somos ótimas cozinheiras e gostamos desse ritual de preparo: tomar um bom vinho e conversar durante horas. Há milhões de opções de pratos, tanto na comida brasileira, francesa, árabe e até asiática… Ali podemos passar por vários estilos diferentes, assim como em nosso set. Experiência abunda entre as duas. 

⁠Você lembra a primeira vez que se conheceram, musical e pessoalmente?

A: Lembro de conhecer a Cashu musicalmente em 2021, na primeira Mamba Negra pós pandemia que rolou na Fabriketa. Um closing set icônico em b2b com a Moretz. Depois fomos nos conhecendo melhor pessoalmente através de encontros pela noite de São Paulo ao longo do ano seguinte. 

C: Recordo que nos conhecemos na pandemia, ou pós pandemia, frequentando festas e por meio de amigos em comum. Acho que a primeira vez que a vi tocar foi aqui em casa, gravando o programa da Mamba Negra para a The Lot Radio de NY. Daí lembro da Mamba de Setembro de 2023, em que ela fechou maravilhosamente a pista 2.

⁠Qual a faixa que seu par pode tocar e que vai fazer você imediatamente pensar “sabia que tocaria essa!”?

A: Alguma nova do DJ JM.

C: Provavelmente alguma nova da Tratratrax 

⁠Qual lado da cabine prefere ocupar?

A: Nunca tinha parado pra pensar nisso. Mas agora me lembro que, na maioria das vezes, automaticamente vou pro lado direito. Contudo, o porquê disso não faço ideia. 

C: Tanto faz. Mas, se forem lados distintos, prefiro ter o que oferece mais espaço para colocar o drink. 

⁠Rotary ou fader?

A: Fader, por questão de experiência mesmo. 

C: Gosto de ambos para diferentes situações. Se for set long set em bar, prefiro rotary. Para festas e festivais, certamente fader, porque casa mais com o estilo de música e mixagem que tenho feito, com mudanças mais rápidas de cortes e movimento.

Qual a disposição ideal dos equipamentos na mesa para você?

A: Não faz muita diferença para mim.

C: Mixer no meio e dois CDJS de cada lado, bem grudados no mixer e na mesma altura.

Suze Ijo & OMOLOKO

Qual a melhor metáfora para descrever a dinâmica de um b2b?

S: Dois capitães, um barco. Dois chefs, uma cozinha.

O: Dois pilotos de avião, comandando tudo no tempo certo, cada um de uma vez. Decolagem e aterrissagem sem briga nem desespero, para tudo fluir em harmonia  

Você lembra a primeira vez que se conheceram, musical e pessoalmente?

S: Nós nos conhecemos em carne e osso no Dekmantel 2022. Mas a primeira vez que nos encontramos de verdade foi em São Paulo, no ano seguinte, quando nos convidaram para tocar na Selvagem. Ele tocou depois de mim e entregou um set belíssimo. Depois disso começamos a conversar e não paramos mais.

O: Em pessoa, no Dekmantel de 2022 em que ambos nos apresentamos. Suzy tocou depois de mim, mas não trocamos muita ideia. Depois a vida foi nos colocando no mesmo lugar e tivemos vários momentos juntos, na Europa, aqui no Brasil, na Ásia… Fomos nos ouvindo encontrando mutuamente, à medida em que percebemos que tínhamos muita coisa em comum musicalmente, principalmente a paixão por House.

Qual a faixa que seu par pode tocar e que vai fazer você imediatamente pensar “sabia que tocaria essa!”?

S: Gusto’s ‘Disco’s Revenge

O: Eu espero que ela toque ‘Life Goes O’ do Little Louie Vega.

Qual lado da cabine prefere ocupar?

S: Esquerdo

O: Direito

Rotary ou fader?

S: Rotary

O: Depende do que eu vou tocar… Coisas mais fluídas: rotary. Coisas mais secas: fader.

Qual a disposição ideal dos equipamentos na mesa para você?

S: CDJ3000 > Technics SL1200 MkII > E&S DJR400 < Technics SL1200MkII < CDJ3000 (talvez um pedal de delay ou eco também).

O: Quatro CDJs que leiam arquivos .flac com o mixer no meio sobre uma mesa alta o suficiente para não acabar com minha coluna. Cinzeiro ao lado! 

Carista & Zopelar

Qual a melhor metáfora para descrever a dinâmica de um b2b?

C: Para mim, um B2B é como cozinhar juntos. Saborear a mesma refeição e adicionar os ingredientes aos poucos, deixando chegar a seu ponto lentamente, sem pressa. As fragrâncias invadindo a casa toda, até que a vizinhança saiba que você está cozinhando. Eventualmente, todo mundo chega mais e então você compartilha essa refeição com os presentes, pois há suficiente para todos. E, assim que você prova, seu corpo formiga tanto que nem consegue se conter: você PRECISA dançar e gritar, porque é a melhor coisa que já degustou! Essa é a experiência cativante e deliciosa (apimentada também) de um b2b!

Z: Por mim, ela já descreveu muito bem! Nem consigo elaborar alguma outra metáfora tão boa quanto cozinhar juntos!

Você lembra a primeira vez que se conheceram, musical e pessoalmente?

C: Creio que conheci o Pedro pelo Instagram Comecei a segui-lo e amei suas jams, cada uma de suas primeiras fotos de estúdio e também o jovem gênio que formou o My Girlfriend. Sempre fiquei de olho nele e mandei DMs, mas nunca havíamos nos encontrado. Recordo que nos vimos pela primeira vez na ODD em que fui uma das convidadas, um dos momentos mais memoráveis ​​que já tive. Minha primeira vez em São Paulo com uma multidão que estava totalmente imersa na música. Ali, as pessoas sentiram literalmente tudo:  se soltaram, gritaram, dançaram, fizeram o que tinham que fazer. Olhei ao meu lado e o Zopelar estava se divertindo demais também. A energia era absurda. Sou incrivelmente grata a ele e a equipe da ODD pela experiência e hospitalidade. A partir daí, nossa conexão permaneceu forte e tem se mantido assim desde então.

Z: Acho que a primeira vez que ouvi a música da Carista foi quando ela fez o seu primeiro Boiler Room no Dekmantel! Naquele set já me apaixonei pela a energia dela e logo em seguida nos conhecemos on-line através dos meus trabalhos lançados na Apron, gravadora na qual ela também já colaborou de diversas maneiras. Presencialmente, foi quando ela tocou pela primeira vez na ODD! Sempre foi um sonho meu poder trazê-la ao Brasil e as duas vezes que ela se apresentou na ODD, meu antigo projeto, marcaram muito a experiência sonora da cidade. Além de sempre transformar a minha forma de pensar na discotecagem. 

Qual a faixa que seu par pode tocar e que vai fazer você imediatamente pensar “sabia que tocaria essa!”?

C: Pergunta difícil! Talvez uma faixa clássica de House, como ‘Lovelee Dae’ do Blaze.

Z: Não faço ideia e penso que é justamente isso que me fascina nos sets dela.

Qual lado da cabine prefere ocupar?

C: Eu realmente não me importo onde ou de que lado, vamos jogar uma moeda e deixar o destino escolher :)

Z: Bom, eu prefiro o lado esquerdo, então nem precisamos jogar a moeda! 

Rotary ou fader?

C: Eu consigo tocar nos dois, inclinando-me um pouco mais para o fader por causa da minha formação em hip-hop. Mas se eu me colocar atrás de qualquer mixer, eu manjo na hora, haha. 

Z: Gosto dos dois! Em casa tenho um rotary. Prefiro ele para tocar sons mais suaves com transições mais rápidas! Mas para uma sonoridade mais noturna ou no ambiente de festivais, acabo dando preferência aos faders também.

Qual a disposição ideal dos equipamentos na mesa para você?

C: Dois toca-discos, CDJs e mixer. Mas, para ser sincera, não importa, desde que o PA esteja super bem regulado durante a passagem de som. Tendo isto, na maioria das vezes, nada mais pode dar errado.

Z: Pra mim tanto faz também, a cabine para DJs costuma ser bem simétrica. Então não importa tanto… as mudanças não costumam ser drásticas.

Por Francisco Cornejo

Deixe um comentário

Fique por dentro